terça-feira, 4 de outubro de 2011

Ilha de Moçambique.


ILHA DE MOÇAMBIQUE 

Desfeitos um por um os nós sombrios, 
Anulada a distancia entre o desejo 
E o sonho coincidente como um beijo, 
Exalei mapas que exalaram rios. 

Terra secreta, continentes frios, 
Ardei à luz dum sol que é rumorejo 
Para lá do que eu sou, do que eu invejo 
Aos elementos, aos altos navios! 

Trouxe de longe o palácio sepulto, 
A cobra semimorta, a bandarilha, 
E esqueci poços, prossegui oculto. 

Desdém que envolve por completo a quilha, 
Sou bem o rei saudoso do seu vulto, 
Vulto que existe infante numa ilha. 

Alberto de Lacerda 


Alberto Correia de Lacerda (Ilha de Moçambique, 20 de Setembro de 1928 – Londres, 26 de Agosto de 2007) foi um poeta português. 

Nascido no Norte de Moçambique, Alberto de Lacerda veio para Lisboa em 1946. Em 1951 fixou-se em Londres trabalhando como locutor e jornalista da BBC, efectuado um notável trabalho de divulgação de poetas como Camões, Pessoa e Sena. Nos anos seguintes viajou pela Europa e esteve no Brasil em 1959 e 1960. A partir de 1967 começa a leccionar na Universidade de Austin, no Texas, EUA, onde se manteve durante cinco anos, fazendo uma breve passagem pela Universidade de Colúmbia, de Nova Iorque, até se fixar, em 1972, como professor de poética, na Universidade de Boston, Massachusetts. 

Estreou-se em Portugal com uma série de poemas publicados na revista Portucale. Foi um dos fundadores da revista de poesia Távola Redonda. juntamente com Ruy Cinatti, António Manuel Couto Viana e David Mourão-Ferreira. Os seus poemas foram traduzidos para o inglês, castelhano, alemão e holandês, entre várias outras línguas. É descrito como possuindo uma linguagem pouco adjectivada mas rica em imagística, reveladora de um mundo misterioso oculto na vulgaridade das coisas. Alberto de Lacerda é também autor de colagens, tendo chegado a expor, nos anos 80, na Sociedade Nacional de Belas Artes, de Lisboa. 

Faleceu em Londres a 26 de Agosto de 2007. Apesar do número relativamente pequeno de obras publicadas, Lacerda deixou um vasto espólio e de grande importância, composto, nomeadamente, por correspondência com grandes figuras da cultura, estrangeiras e portuguesas, tais como Maria Helena Vieira da Silva e o marido Árpád Szenes ou ainda Paula rego

Fonte: Wikipédia. 

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6 comentários:

chica disse...

Mais uma linda poesia! abraços,lindo dia,chica

Everson Russo disse...

Uma belíssima poesia meu amigo...abraços de bom dia pra ti.

Flor de Lótus disse...

Oi,Furtado!Linda imagem e lindos versos.tudo lindo por aqui como sempre.
Beijosss

Anônimo disse...

DISCULPE AMIGO, MI ANTIVIRUS SIGUE DICIENDO QUE EL BLOG "MENINADOS" ES UN SITIO PELIGROSO.
UN ABRAZO

José María Souza Costa disse...

Belissimo
Agradavel.
Uma ótima postagem
Parabens

Isabel Maria Rosa Furtado Cabral Gomes da Costa disse...

Muito obrigada por nos trazer a "Ilha de Moçambique", de Alberto Lacerda. De facto, no firmamento de África, existe uma estrela que brilha mais intensamente do que todas as outras: É o feitiço de África. E ese feitiço lança uma luz de magia sobre todo o território moçambicano, incluindo, claro está, a lha de Moçambique. Enquanto existir África, serei feliz.
Um abraço.