quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Soneto à Rendeira.

 
SONETO À RENDEIRA

O linho é uma oração remota, nesse
fluir fabril de fio para a flor.
Move-se o coração da moça, e esquece
o tempo prisioneiro, em derredor

da sombra esguia que à almofada tece.
Move-se , em seu afã modelador
de paz, o mito imemorial da prece
que do limbo da morte inventa o amor.

Movem-se dentro dela o sol e o vento.
Move-se o mar, e os pórticos se movem
das águas em perpétuo movimento...

Move-se a gênese em seu corpo jovem.
E, enquanto o olhar medita, os dedos tecem
gestos de amor que os lábios não conhecem.

Francisco Carvalho



Francisco Carvalho é filho de Clicério Leite de Carvalho e Maria Helena de Carvalho. Nasceu em Russas, Ceará próximo a Santa Cruz do Borges. Fez os estudos primários para mais tarde ingressar no Ateneu São Bernardo, em Russas onde publicou seus primeiros versos numa pequena tipografia. Permaneceu em Russas até 1939, ano em que seu pai veio a falecer após longos seis meses de agonia, fato este que marcaria por toda a vida a memória do poeta. Foi então para a cidade de Fortaleza, capital do Estado do Ceará, levando a família. Ali fixou-se ingressando como profissional de carreira da Universidade Federal do Ceará. Fez parte da vida intelectual de Fortaleza participando de movimentos literários e mantendo relações de amizade com os principais escritores de seu tempo. Em 1996 sua obra Raízes da Voz seria escolhida para leitura do vestibular daquele ano. Em 2004 o cantor e compositor cearense Raimundo Fagner lançou o álbum "Donos do Brasil" com as seguintes composições de Carvalho: "O Bicho Homem", "Esse Touro Vale Ouro", "Cesta Básica", "Reino/Minueto da Porta". Em 2009 foi concedido o Prêmio Francisco Carvalho de Poesia, com uma pequena publicação, na ocasião do evento anual XI Encontro Cultural Russano. Em 2012, aos 85 anos, o poeta teve parte de sua obra poética traduzida para o búlgaro.



Francisco morreu em 4 de março de 2013, por volta das 23h30. A causa da morte do escritor foi falência múltipla dos órgãos.



Fonte: Wikipédia.

 
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4 comentários:

chica disse...

Poesia/homenagem linda e adoro ver as rendeiras em seu trabalho! Ótima escolha! abração,tuuuuudo de bom,chica

Unknown disse...

Nossa, agora fiquei sem palavras
que coisa mais linda, fluida de inspiração, no tecer das linhas,
há uma menina de puro coração...

Estou naquela fase em que pego letrinhas no ar,
não sei quando acontece é coisa
que me leva a pensar,
quando quero me aborreço, nada tenho por jogar,
quando nem penso segue lento,
uma chuvada de letrinhas bem formada, disparam a cair do ar...

Furtado, quanta beleza hem? a gente fica a se embriagar por tantas oferendas que aqui trazes a nos confortar...

Beijinhos

Livinha

Unknown disse...

Linda poesia,é super interessante de ver como os bordados tambem formam lindos poemas!! Gostei da maneira como o poema do linho foi criado!! Venho aqui deixar o meu carinho e a minha paz,aproveitando para te desejar um excelente fim-de-semana!! Muitos beijinhos,fica com deus e até breve!! http://musiquinhasdajoaninha.blogspot.pt

Vento disse...

da ternura do coração
ao tecer brilhante das palavras

lindissimo, Furtado.

beijo.
bom fim de semana.